Reconstruindo Amelia (Kimberly McCreight)

Título original: Reconstructing Amelia

Autor: Kimberly McCreight

Páginas: 350

Editora: Arqueiro

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Quem acompanha o blog já algum tempo sabe que eu amo thrillers. Ouso dizer que é meu gênero favorito, gosto de me envolver com suas histórias, com as investigações, os dramas dos personagens e claro, com um mistério bem amarrado. Eu fico feliz em dizer para vocês que Kimberly McCreight sabe amarrar um mistério. E o que é mais interessante é que a resolução do caso não é muito convencional, já que aqui temos uma mãe que vai atrás do que de fato aconteceu com sua filha.

Kate Baron é uma advogada extremamente dedicada e ocupada, e por isso tenta de tudo para ser uma mãe presente, o que infelizmente, acaba não tendo muito sucesso. Amelia Baron, sua filha, já é uma menina quieta e calma e que conta como melhor amiga Sylvia, uma jovem que cria sua própria moda e tem a sinceridade como ponto principal.

Um personagem para mim que ganhou destaque foi Sylvia. A personalidade, as obsessões e aparições dela me conquistaram mais ainda do que das próprias protagonistas que, mesmo tendo sido narradas em primeira pessoa, não me encantaram e conquistaram minha empatia mais do que os personagens secundários. Porém, isto de forma alguma interfere de forma muito significativa na qualidade da obra, pois Reconstruindo Amelia tem zilhões de pontos positivos.

Amelia está em processo de renovação e auto-descoberta

Quando Amelia é suspensa por três dias da escola e chamam sua mãe para buscá-la, Kate está no meio de uma das reuniões mais importantes em sua carreira de advogada; devido a inúmeros contra-tempos e incidentes, Kate chega mais que atrasada para buscar a filha e nesse meio tempo, muita coisa acontece. As evidências de que sua filha estava morta foram aparecendo aos poucos a nossa protagonista. Um carro de bombeiro aqui, dúzias de policiais ali, e a bota de sua filha encoberta por um lençol. Mas o que e como Amelia chegou a esse ponto? O quanto Kate sabe de verdade sobre sua filha? E o quanto mais que necessário Amelia não falou para sua mãe? O investigador do caso logo aponta para um suicídio, mas seria Amelia capaz de se jogar do telhado?

A narrativa é intercalada entre a visão de Amelia - antes de sua morte e em primeira pessoa - e de Kate - durante as investigações e em terceira pessoa -, e isso acabou por nos fazer compreender melhor os dramas dos personagens. E nisso fica a mãe que está a procura de respostas para a morte da filha, a filha que nos relata o que acontece no seu dia-a-dia na escola e convívio com a mãe, mensagens trocadas por SMS, posts de Facebook e blog.

Minha única ressalva fica com o final, que ainda que tenha me surpreendido senti que ficou um pouco vago e corrido demais. Todo o mistério é muito bem amarrado, a autora o conduziu magnificamente, porém senti que por todas as respostas virem somente nas últimas páginas, acabou que personagens que têm relativa importância no enredo, como Dylan e Zadie, acabaram tendo finais rasos.
Como disse no início, a resolução do caso não é muito convencional neste livro, já que ao invés de termos um inspetor ou detetive para resolver tudo, temos uma mãe desesperada por respostas, e por conhecer o que supostamente possa ter levado Amelia ao suicídio.

A autora construiu um mistério muito bem amarrado e intrigante, e ainda conseguiu nos apresentar os diversos dramas dos diversos personagens sem confundir a cabeça do leitor. Não é um livro que vai agradar a todos, mas é uma excelente forma de reflexão, não somente entretenimento.
Eu gostei muito da construção do enredo, pois foi muito além de mais um thriller. Para os pais (e também) para o filhos, a leitura pode fazer repensar algumas atitudes e conceitos. O trabalho realmente tem que vir em primeiro lugar?

No mais, digo que  Reconstruindo Amelia é um livro que tem tudo para agradar aos fãs de bons thrillers e também aos que querem conhecer o gênero. Mesclado ao drama, temos aqui um excelente entretenimento, mas também uma trama complexa e reflexiva.