As Vidas e as Mortes de Frankenstein (Jeanette Rozsas)

Título original: As Vidas e as Mortes de Frankenstein
Autor: Jeanette Rozsas
Páginas: 159
Editora: Geração

Nunca li nem assisti nada aprofundado sobre a história de Frankenstein, sua origem ou contexto, então quando li sobre esta obra, sem dúvidas sua proposta me chamou atenção, pois, além de tratar de um assunto que me era extremamente curioso, nos proporciona reflexões acerca da ciência e ética humanas.

Entretanto, terei que confessar o seguinte: estava bem receosa com esta leitura. Apesar de trazer uma proposta definitivamente interessante (e que sem dúvidas foi o que me fez lê-lo), receava trazer uma linguagem técnica ou científica demais. Acabou que a obra passou bem longe disso.

Mesclando ficção com realidade, Jeanette Rozsas nos apresenta três linhas de personagens e épocas. Em uma, e mais antiga, acompanhamos a história de Johann Konrad Dippel, alquimista e médico do século XVII que já possui métodos intensos de alterar a vida humana e contornar a morte. Curiosamente toma o sobrenome Frankenstein como seu, apesar de não ser de fato da família. Acaba por receber um novo discípulo em seu castelo, que mal pode imaginar os fins de suas pesquisas. Em outro plano temos a história de aventura e amor de três escritores ingleses do século XIX, entre eles Percy e Mary Shelley, que daria vida ao personagem popular. E por fim, em épocas modernas temos uma jovem cientista brasileira que passa a morar na Alemanha afim de trabalhar com transgenia, encarando regras e visões de ética que não poderia imaginar.

A interligação entre todas as três épocas é de real importância e coerência na história, visto que nos faz entender o contexto da criação de Frankenstein, e que mesmo em épocas distintas o homem ainda possui uma necessidade fervorosa de contrariar a lei da vida. Não importa se no século XVII ou nos tempos atuais, o homem ainda sai a procura da mesma coisa. O que nos faz pensar: até que ponto podemos realmente interferir nessa lei de vida e morte? Até que ponto a evolução na ciência nos é benéfica? E por quantos princípios teremos que passar por cima para vencer o fim da vida? Será que os fins irão justificar os meios?
Gostei muito da proposta da autora, gostei muito como ela desenvolveu o enredo e principalmente, gostei muito da maneira como ela construiu sua indagação ao leitor. Ao meu ver ela nos lança elementos para construirmos nossa visão acerca disso de uma maneira sutil, nos fazendo questionar a ética humana.

"O resto do aposento estava mergulhado na escuridão. Conforme o homem agitava os braços e repetia o que soava como uma invocação, Max se aproximou sorrateiro. No entanto, o choque foi mais forte e não conseguiu reprimir uma exclamação de horror ao ver, sobre a mesa, o corpo sem vida do velho [...]"

É importante ressaltar que a narrativa da autora é espetacular. Ela nos poupa dos detalhes técnicos, mas é clara e crua o suficiente para nos mostrar a essência da situação. Fluída e completamente instigante nos três planos, eu me vi fascinada pela interligação de pontos e pela maneira como ela os interligou. Não importava se estava no século XII, XIX ou XXI, estava necessitada das três histórias de maneira igual.
Ao final, As Vidas e as Mortes de Frankestein possui um certo apanhado de fotografias dos personagens do livro, além de datas e locais. Toda a obra serviu como estímulo para pesquisar acerca do assunto, principalmente da vida de Dippel, fiquei particularmente interessada nesse alquimista. O livro é carregado de informações sutis, mas que te fazem querer transcender essa informação. Em suma, é uma obra que traz todos os elementos necessários a uma boa leitura e reflexões.
A edição da Geração está muito agradável e fiel ao contexto da obra, com imagens que aproximam e só reafirmam o clima da história, além de uma boa revisão.

Em suma, só tenho a indicar fortemente a leitura deste livro, ele vai muito além de entretenimento ou informação, ele proporciona uma verdadeira gama de reflexões. Devo meus parabéns a Jeanette.

4 comentários:

  1. Oi, Sofia! Tudo bem? Toda vez que eu leio um livro que se baseia em outra obra, confesso que fico um pé atrás. Nunca li nada de Frankenstein, meus conhecimentos sobre a história são baseados nos filmes e eu queria conhecer primeiro o original para depois dar uma olhada no "As Vidas e as Mortes de Frankenstein". Ainda assim, super curti saber que a trama segue três linhas temporais diferentes, adoro esse tipo de narrativa e tenho muitos expectativas para saber como elas se entrelaçam! É ótimo saber que você curtiu o livro e que ele é um nacional também, isso me deixa ainda mais empolgada! Bjs
    Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/

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  2. Olá, Sofia, Tudo bem?
    Adorei sua opinião sobre a obra. Gosto bastante dessas edições da Geração.
    Embora tenha gostado de sua opinião da obra, quero muito conhecer a obra original.
    Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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  3. Tenho uma noção muito vaga sobre a real história de Frankenstein, nunca li e só vi filmes quando era bem mais nova, não lembro muito bem, sei a história que contam quando somos crianças, apenas. Não conhecia o livro, confesso que pelo título e capa não chamou minha atenção, mas gostei muito da sua resenha e acabei ficando bem curiosa pela leitura.

    Obrigada pelo carinho. Beijos :*
    Claris - Plasticodelic

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  4. Oi, So! Então, não conhecia a obra, e também tenho muita curiosidade em relação a Frankenstein, então acredito que ambos os livros me serão úteis. Comprarei *_*

    Carol

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