Entrevista com Tammy Luciano (Parte 1)

Olá leitores! Hoje é com enorme prazer que venho apresentar a segunda entrevista do LT, já não era sem tempo, não? Agradeço à Tammy por toda simpatia e por ter aceito fazer! Irei dividir a entrevista em duas partes, a segunda fica para amanhã!

1   Lendo de Tudo: Eu sempre pergunto isso, é inevitável, mas: Quem é Tammy Luciano? Atriz, escritora e jornalista: como você faz para conciliar tudo isso?

u   Tammy: Eu sou alguém no mundo se realizando e tô muito bem assim. Atualmente, oficialmente eu ando mais escritora, mas sempre que a TV Globo me chamou, eu fui. Meu lado jornalista sempre foi do entretenimento, com as entrevistas que adoro fazer (Tammy entrevistando Marisa Monte). Não sei explicar bem, mas minhas profissões convivem bem entre si. Sou Toda Errada, meu terceiro livro, escrevi quase todo no camarim, enquanto esperava para gravar Caminhos do Coração, novela da Record em que fiz a empregada Ivonete (aqui).

     LT: Tammy, você teve alguma inspiração ao escrever “Garota Replay”? Algum fato da sua vida serviu como base para a história de Thizi?

     Tammy: Um dia eu saí sozinha e vi uma garota na pista de dança com o cabelo parecido com o meu. Pensei como seria uma garota dar de cara com outra igual. Voltei dirigindo meu carro, pensando na história e naquele instante a Thizi nasceu na minha cabeça. Todo o resto é ficção. Algumas pessoas questionaram porque coloquei Thizi, Tito e Tadeu com a letra T, julgando como um ataque de ego da autora. As personagens chegaram na minha cabeça com esses nomes, não foi feito de propósito e eu também não vou mudar situações do livro com medo de alguém levar a mal.

3   LT: Todos sabemos que “Garota Replay” é um livro que tem opiniões diversas, críticas negativas e positivas. Como você reage às Críticas?

   Tammy: Quando eu escolhi um trabalho público, entendi que só seria feliz se soubesse aceitar opiniões e entender ser impossível agradar todo mundo. Assim eu tenho feito. Sou como dizem por aí: desencanada. Leio tudo que escrevem e acredito demais que os depoimentos me ajudam a melhorar ainda mais como autora. Não fico chateada se alguém não curtiu o livro. Leio e aceito quando não gostam. Estamos batendo quase 300 resenhas positivas e acho que é um número bem significativo. Garota Replay é muito comentado, eu fiquei feliz demais com o retorno dos leitores, o livro continua em destaque meses e meses depois do lançamento e por mais que aceite as críticas ruins, escrevo para quem gosta do meu trabalho. Todos os dias chegam mensagens do Brasil todo, comentando o livro, elogiando e curtindo o trabalho. Estou feliz e só tenho o que comemorar. A editora está muito satisfeita com o meu trabalho, tanto que renovaram meu contrato, então o saldo é o melhor possível.

4    LT: Há muitos escritores por aí que “explodem” com uma crítica, por menor que seja, feita por um leitor, o que você acha sobre isso?

     Tammy: Nunca é confortável ler uma resenha negativa, mas a gente tem que segurar a onda. Até porque é um trabalho de meses, o esforço de um monte de gente, um sonho inteiro, mas somos profissionais e saber lidar com isso faz parte. Só acho curioso quando a blogueira mal sabe escrever a própria resenha, publica uma opinião cheia de erros de português, sem qualidade. Como essa pessoa pode julgar um livro inteiro? Mas pode. Porque a blogueira é uma leitora como qualquer outra e tem direito de dizer o que achou. Eu também sou tranquila, porque não escrevo sobre garotas perfeitinhas, então quando alguém se incomoda com uma personagem minha, eu acho ótimo. Não me xingando, não me ofende. No meu terceiro livro, as pessoas falavam da Mila cheias de dedos, com receio de me ofender. Aí eu concordava que a Mila é uma fútil mesmo, uma vilã, totalmente louca e os leitores relaxavam. Em Garota Replay, eu trago a realidade que eu vejo no Rio, as gírias e o comportamento. No mundo real esses choques de pensamentos são bem normais. A garota comportada acha um horror a outra que anda quase pelada. Gostos nunca foram iguais. Então seja o que for, eu levo numa boa. Agora, claro, se você me perguntar, te digo que prefiro que adorem o que escrevi.

5   LT: Você acredita na ideia de que as editoras e os próprios leitores discriminam, de certa forma, a literatura nacional? No seu ponto de vista, parte disso se vem de onde?

s    Tammy: Isso está mudando. Acredito honestamente. Percebo uma mudança grande no tratamento com os autores nacionais. Eu fui a primeira autora brasileira do selo Novo Conceito Jovem e fico feliz porque sei que outros autores ótimos como a Fernanda Saads, Chico Anes, Marina Carvalho também entraram para a editora. Tenho recebido um suporte enorme da Novo Conceito que cada dia mais aposta no meu trabalho. Agora, claro, no meio das minhas comemorações individuais, sei que ainda existe preconceito. Penso que breve assumir publicamente que não gosta de ler livro nacional será tão brega quanto aqueles que acham que a mulher só pode ser dona de casa. Somos uma sociedade em evolução e certamente estão atrasados os que ainda ficam olhando nacionalidade de autor na orelha.