Cordeluna (Élia Barceló)

Título original: Cordeluna

Autor: Élia Barceló

Páginas: 303
Editora: Biruta

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Livros que tenham uma ambientação medieval sempre me chamam. E há muito tempo este livro vem me chamando. Algo em sua capa ou mesmo neste título tão enigmático me despertava uma certa curiosidade.

Glória, Sérgio e dezenas de outros jovens resolvem "sacrificar" suas férias de verão para realizarem sonhos. Um projeto de teatro reúne diversos jovens para encenarem o período medieval, onde eles terão que realmente viver e sentir as angústias, costumes e principalmente sentimentos da época... Ao estudarem a história de luta e paixão de El Cid, grande cavaleiro nas lutas entre mouros e cristãos na Espanha, Sérgio e Glória sentirão de imediato uma conexão muito forte, que pode ser amor... mas pode também ser o passado.


Mil anos antes uma história de amor foi proibida pelo destino. Sancho, guerreiro de El Cid, e Guiomar, donzela, viviam uma luta constante para ficarem juntos, mas a sociedade assim não quis, já que os pôs em "patamares" distintos. Da maneira mais intensa possível, os jovens do teatro descobrirão que o amor é tão intenso que pode transpor séculos.

"Tinha sido... Como tinha sido? Como encontrar-se com alguém que só existe na própria imaginação, como ver na vida real a figura de um sonho, como recuperar algo enormemente valioso que se achava perdido para sempre, como... como apaixonar-se, simplesmente?"

A narrativa de Cordeluna sofre uma variação de tempo, intercalando o passado e presente, e me senti envolvida pelas histórias tanto de um tempo quanto de outro. A construção de todo o enredo e passagens temporais de Élia Barceló foi sem dúvidas aquilo que mais me conquistou. Em livros em que há essa variação de épocas a gente sempre espera se apegar mais a um tempo do que outro, só que aqui houve curiosidade e envolvimento proporcionais.
As passagens do tempo medieval são bastante fiéis e ricas em informações, inclusive aborda toda a luta entre os mouros e cristãos e contexto em geral, ou seja, não se atém somente ao romance em desenvolvimento, o que acaba tornando a leitura muito mais prazerosa.

“- É Cordeluna […], a espada dos nossos antepassados. Tem esse nome por causa deste emblema gravado na lâmina, vês? Um coração e uma lua que se sobrepõem. E a empunhadura têm uma pedra tão especial que parece feita do próprio coração da lua.”

A obra segue uma linha de pura descoberta. Tanto dos personagens, quanto dos leitores, e a narrativa de Barceló só intensifica esse processo, tendo algo de mágico e inexplicável, uma união de elementos (e tempos) tão distintos, mas que se mesclam tão bem que é como se não houvesse uma divisão. A autora consegue magistralmente unir fatores (personagens, épocas, linguagem e contexto) tão diferentes sem soar incongruente.
Vale ressaltar também a edição do livro. A Biruta é uma das editoras mais competentes no que se refere à edição e revisão. Suas obras sempre carregam um capricho elevado. E Cordeluna não fugiu à regra <3

Em suma, Cordeluna  foi uma leitura absolutamente deliciosa, rica em informações e acima de tudo, mágica. Virei fã da escrita da autora e pretendo ler outros volumes seus. Recomendo de olhos fechados.