Beleza Perdida (Amy Harmon)

Título original: Making Faces

Autor: Amy Harmon

Páginas: 332
Editora: Verus

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Tentarei. Juro que tentarei expressar em palavras tudo aquilo que senti com este livro. Entretanto, não sei se estarei a altura.

Grant, Paulie, Beans, Jesse e Ambrose são os garotos mais bonitos da escola, e os lutadores que trazem orgulho e troféus a sua pequena cidade. Sempre cobrados e elogiados por tamanha capacidade, são afetados pelo episódio do 11 de Setembro e influenciados por Ambrose, o mais competente em relação às lutas, resolvem se alistar no exército.
Já Fern Taylor sempre foi apaixonada por Ambrose Young, mas nunca achou que realmente ele fosse olhá-la, tão lindo e rodeado de amigos, e ela feia e comum. Taylor cresceu se achando feia, e sabendo que de fato era, não sabia como chamar a atenção dos demais garotos, tão comum que era. Quando para ajudar uma amiga ela começa a trocar bilhetes com Ambrose, um começo de relação surge. Mas ao mesmo tempo é cortado, afinal, ele vai para o exército.

Beleza Perdida parece mais um livro voltado ao público jovem adulto. Entretanto, ele vai muito além disso. Vai muito além de um livro sobre dramas e amores adolescentes. Muito além dos problemas dos jovens. Muito além dos clichês. Belo e singelo, acabou se tornando uma das leituras mais sensíveis do ano.
Releitura moderna do conto "A Bela e A Fera", Beleza Perdida nos apresenta a princípio um ambiente escolar, naturalmente cheio de grupos e picuinhas, típico não somente do terceiro ano, mas do Ensino Médio em geral. A priori eu imaginava que a obra fosse seguir essa linha colegial, mas depois ele acaba seguindo para novos rumos. Temos diversos personagens problemáticos e intensos, e preciso dizer que me apaixonei por cada um deles.

"Os soldados pareciam ter todos a mesma cara, um enxame de elementos idênticos, e Fern se perguntou se, de algum modo, aquilo não era um ato de misericórdia, tirar-lhes a individualidade para que o deus não fosse tão pessoal".

Baley é um personagem que merece destaque. Primo de Fern e seu parceiro inabalável, Baley é filho do treinador dos garotos e sofre de distrofia muscular, incapacitando-o de entre tantas coisas, lutar, algo pelo qual é apaixonado. Apesar de sua baixa expectativa de vida, ele tem vivacidade e um humor somente seus, superando todos os obstáculos e vivendo intensamente. Ele ensina aos demais personagens e a nós mesmos, meros leitores, as pequenas conquistas e as mais belas. E me perdoem, mas não consigo descrever quão belo ele é.

Beleza Perdida não fala somente sobre a perda da beleza exuberante de um garoto com um futuro promissor, fala sobre outras perdas imensuráveis, perdas de amigos, perda de fé, perda de identidades. Mas acima de tudo, fala sobre superações. Superar uma perda física (mas também psicológica), superar a dor da ausência, superar a si mesmo. Todos os personagens são exemplos de superação, cada um de sua forma.

"Você age como se a beleza fosse única coisa que nos faz dignos de amor."

A narrativa de Amy Harmon é sensível sem soar piegas e essa narrativa me fez rir, mas também me fez chorar. O diferencial está em como ela apresenta sua história e seus elementos, tornando-os todos protagonistas e maravilhosamente não protagonizando o romance. Ao final, a obra se mostra ainda mais sensível e simples, consolidando-o como um dos meus livros favoritos.