Garotas de Vidro (Laurie Anderson)

Autor: Laurie Halse Anderson

Páginas: 272

Editora: Novo Conceito

Lia e Cassie são melhores amigas desde crianças, tendo feito uma promessa ao luar de serem as mais magras da escola. Porém, a amizade entre ambas passou por um período turbulento e estas mal se comunicavam ao se encontrar. Inesperadamente (ou sim, por Lia) Cassie é encontrada morta dentro de um quarto de motel, só. Porém, antes de morrer, Cassie ligou para Lia 33 vezes e esta não atendeu.
Cassie sofria de bulimia enquanto Lia de anorexia. Ambas competiam quem seria a mais magra, quem controlava-se melhor em relação a comida.

Quando Cassie morre, Lia a vê em praticamente todos os cantos, perseguindo-a e induzindo-a ao erro, desafiando-a a comer aquele cupcake que a tornaria um fracasso, a se encontrar com ela no céu. Durante todo esse período, Lia sofre com cada grama que entra em seu corpo, analisa e estipula cada pedacinho do que come, mesmo que seu corpo o queira, 'aquilo' era repugnante, e a mataria.

Seus pais são divorciados, sendo que sua mãe é médica e seu pai um famoso professor de universidade. A relação entre mãe e filha se torna mais conturbada ainda quando é perceptível que ambas não podem estar no mesmo cômodo sem discutir, ou apenas conviver uma com a outra; sendo assim, Lia muda-se para a casa de seu pai, onde mora com Jennifer, sua atual esposa e Emma, filha do casal.

Garotas de Vidro é um livro que para mim ainda não há definição. Ao mesmo tempo que gostei, algo (provavelmente decisivo) não me agradou. Muitos, na verdade. Apesar da narrativa ser em primeira pessoa (e ainda sim agradável), as mudanças entre passado e presente de forma um tanto quanto abrupta se tornaram desagradáveis em certos momentos. Não consegui me apegar a personagem, ou a sua história, ainda que tenha achado uma leitura extremamente válida.
Mesmo não tendo me apegado à protagonista, Lia, conseguimos sentir toda sua agonia e obsessão  pelo peso, por tudo, tudo que for tomar ou beber ser contado exatamente. Isso foi um ponto positivo para a obra da Laurie. A pesquisa e o domínio do assunto é algo bem interessante também, a autora realmente sabia do que estava falando, e isso é realmente necessário.

"A porta do banheiro se abre com tudo. Emma vê o sangue pintando minha pele e os risos vermelhos esculpidos no meu corpo. Emma vê uma faca molhada, prata e osso.
Os gritos da minha irmãzinha estilhaçam os espelhos."

Anderson mostra o quão importante é a família neste momento, as vezes até decisiva no tratamento de cada pessoa. Me fez ver este mundo de um ângulo diferente, e convido a todos a fazerem da mesma forma. Não mudou minha forma de agir, mas me fez refletir sobre estes aspectos de quem sofre de ambas as doenças.
A abrangência do assunto, a construção dos personagens e o enredo em si é agradável, ainda que não tenha me conquistado totalmente. É uma leitura válida, indico sim. Não somente a quem tem estômago forte (não diria nem estômago...), mas aqueles que desejam conhecer um pouco mais a situação que as protagonistas passaram.