Dois Garotos se Beijando (David Levithan)

Título original: Two Boys Kissing

Autor: David Levithan

Páginas: 220
Editora: Galera Record

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Após Tariq ser espancado pelo simples fato de ser gay, Craig e Harry decidem quebrar recordes. Para mostrar ao mundo que não há problema em dois garotos se beijando, ambos resolvem quebrar o record de beijo mais longo do mundo (de 32 horas, 12 minutos e 09 segundos) do Livro dos Recordes. Não há lugar melhor para quebrar esse record do que a escola. Em frente aos portões da escola em que estudam, Craig e Harry pretendem enfrentar o preconceito de milhares de pessoas.

Entretanto, não só no beijo o livro se concentra. David Levithan nos apresenta a história de outros 5 homossexuais e suas lutas diárias. Peter e Neil são um casal. Peter tem o apoio incondicional da família no relacionamento e Neil tem sua sexualidade ignorada. Seus pais sabem de seu relacionamento com outros garotos, mas preferem ignorar a situação, como se assim não a tornassem real. Avery e Ryan acabam de se conhecer em um baile gay, mas já estão apaixonados um pelo outro. E Cooper, ah Cooper. Solitário, ele se esconde atrás do computador, onde mantém conversas com outros homens em busca de "aventura".

Harry e Craig estão decididos a acabar com o preconceito, por mais difícil que seja o ato e a consequência. É absolutamente inevitável a presença de falas ofensivas e homofóbicas diante do beijo. Mas o apoio e a causa valem a pena.

Quando o livro chegou aqui, comecei a dar saltinhos. Estava muito animada para lê-lo e muito curiosa pela narrativa de David Levithan. Gosto do tema que ele aborda em seus livros e tinha interesse na forma como ele abordaria. O autor diverge no livro em dois sentidos: construção da narrativa e capítulos. Aqui não há presença de capítulos, somente o agrupamento de parágrafos; a narração fica por conta de um conjunto de homossexuais de outra geração mortos pela AIDS. Apesar de haver a presença desse narrador observador, ele acaba por mesclar suas experiências com a dos jovens personagens, ponderando seus pensamentos, ações e sensações. É uma narrativa curiosa e peculiar, sem dúvidas.

"Harry já beijou Craig tantas vezes, mas este é diferente de todos os beijos que vieram antes. Eles estavam se beijando com um objetivo, mas o objetivo não era eles; era o beijo em si. Eles não estavam usando o beijo para manter o amor vivo, mas estavam usando a amizade para manter o beijo vivo".

Dois Garotos se Beijando fala sobre amor. Amor é amor, não importa de onde venha e como venha. Muito menos a quem se dirige. Por que há distinção de amor entre dois homens (ou duas mulheres) e amor entre um homem e uma mulher? O que diferencia o sentimento?
David Levithan me levou a diversas emoções ao longo do livro. Ri, me emocionei e passei pela fase de pura revolta em muitos momentos da trama. A narrativa dele é intensa e agradável, me envolvi com os personagens muito rápido e consequentemente, devorei o livro. Separei vários quotes, mas vários meeesmo e... meu livro está cheio de post-it.

É tão incrível a luta dos personagens, o quanto a ideia do beijo move o mundo. Passar 32 horas beijando outro garoto, com dezenas de câmeras apontando para si, e milhares de olhos do mundo todo te avaliando não é fácil. E isso é o mais incrível. O quanto eles padecem (seja naquele beijo seja no dia a dia) em prol do amor e de um protesto é... fantástico.

"O silêncio só faz mal quando há coisas que não estão sendo ditas, ou quando há medo de que o poço esteja tão seco e não haja mais nada a ser dito".

Mas muito além de dois garotos se beijando, Levithan traz histórias intensas e singelas, com uma narrativa de tirar o fôlego e uma sensibilidade impressionante. Deixe todo e qualquer receio e lado e confira a sensibilidade e intensidade de Dois Garotos se Beijando.